A sua personalidade revelou-se tão subtil e silenciosa quanto a sua escrita. Mas esse espaço de silêncio que criou à sua volta, um silêncio tão natural que não era feito para se dar por ele, protegeu-a também de ser objecto de uma leitura ruidosa, falsa ou de circunstância.
A obra de Maria Judite de Carvalho chega assim até nós com uma enorme discrição, fiel a uma exigência que pode ser pressentida desde o primeiro momento.
Foi o conto o género que mais cultivou ao longo dos seus quase 30 anos de carreira literária, que resultaram numa obra relativamente escassa de pouco mais de dez volumes.
É esta escrita que se revela particularmente apta a criar ambientes, a dar forma a paisagens mentais e interiores de cores negras, com a máxima concentração e economia narrativas.
Em 1949, ano em que se casou com o escritor Urbano Tavares Rodrigues, foi viver para França.
Em 1959, publicou Tanta Gente, Mariana, uma obra considerada pela imprensa da época como uma revelação. Dois anos depois ganha o Prémio Camilo Castelo Branco com As Palavras Poupadas. Contudo, Maria Judite de Carvalho publicara em 1949 o seu primeiro conto na revista Eva e em 1953 enviara as «Crónicas de Paris» para a mesma revista. A partir de 1968 foi redactora e colaboradora em diversas publicações e jornais. As história escritas nos jornais e nas revistas constituem documentos essenciais para o estudo da obra da autora, que integra crónicas, novelas, romances, poesia e teatro.
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